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Bndes abrirá linhas de crédito para grupos brasileiros interessados em participar do programa de privatizações.

A presidente Dilma Rousseff começou ontem visita oficial a Lisboa, onde tentará uma maior aproximação econômica com os portugueses. Um dos pontos que será tratado é a participação de empresas brasileiras no programa de privatização de estatais portuguesas. O ministro do Desenvolvimento, Fernando Pimentel, afirmou no domingo que o Bndes abrirá linhas de crédito para grupos brasileiros interessados em comprar estatais em Portugal. O pacote de privatizações incluirá a companhia aérea TAP, a empresa de correios CTT e os estaleiros navais de Viana do Castelo.

A venda das empresas será o principal tema da visita da presidente Dilma a Portugal. “Em todos os setores em que houver empresas brasileiras interessadas em participar, nós vamos ajudar”, disse Pimentel sobre as privatizações. “Primeiro tem de haver manifestação de interesse das empresas. A partir daí, o Bndes vai se manifestar”, acrescentou.

Dilma se encontrou ontem à tarde com o secretário-geral do Partido Socialista (PS), António José Seguro. A reunião tratou das relações entre Brasil e Portugal e de investimentos. De acordo com Seguro, os investimentos portugueses no Brasil não devem ser considerados estrangeiros, mas “investimentos de um país amigo”.

Portugal vive uma recessão nos últimos dois anos, enquanto a situação econômica do Brasil é “bem melhor”, segundo o secretário-geral. “Aprecio muito as declarações que a presidente Dilma tem feito contra a austeridade e sobre a necessidade de haver políticas públicas a favor do crescimento”, disse Seguro.

Na conversa entre Dilma e o líder da oposição portuguesa, eles trataram “globalmente” da possibilidade de o Brasil e de empresas brasileiras participarem da privatização de outras empresas portuguesas. O Brasil, recentemente, tentou sem êxito participar da privatização da companhia Energia de Portugal (EDP), da rede de transmissão de energia Redes Energéticas Nacionais (REN), da companhia de infraestrutura aeroportuária Aeroportos de Portugal (ANA) e da própria TAP.

Entre as empresas com maior participação no mercado português estão a de fabricação de aeronaves Embraer, a construtora Camargo Corrêa - dona da principal fábrica de cimento do país - e a empreiteira Andrade Gutierrez - que fez de Portugal a plataforma de lançamento para 14 países da África.

Hoje Dilma terá um encontro com o presidente de Portugal, Cavaco Silva. Depois, seguirá para a residência oficial do primeiro-ministro Pedro Passos Coelho, no Palacete de São Bento.

A expectativa do empresariado português é de que a visita renda maior aproximação econômica. O presidente da Câmara de Comércio Luso-Brasileira, António Bustorff, diz que há oportunidades de parceria para as empresas brasileiras e portuguesas, que deveriam aproveitar as plataformas recíprocas para a distribuição de produtos na América Latina e no Sul da Europa.

Apesar do potencial de negócios, “os portugueses sentem-se um pouco abandonados pelos brasileiros”, afirma Bustorff, ao reforçar que o encontro oficial dos dois governantes deveria ter ocorrido em setembro do ano passado, em reunião de cúpula.

Fonte: Jornal do Comércio 10/06/2013